FABRICIANO – Aumento da criminalidade. Este seria o
tema de uma entrevista à imprensa, convocada ontem (7) pelo presidente
da Câmara Municipal, Francisco Pereira Lemos (PSD). No entanto, o que
deveria ser apenas uma exposição de números, terminou em confusão no
plenário da Casa Legislativa.
Lemos atribuiu o alto índice de crimes na cidade à corrupção da Polícia
Civil no município e denunciou que os civis estariam recebendo propina
para que os crimes não fossem investigados. Segundo ele, várias destas
denúncias chegaram até ele, levadas também ao conhecimento da Polícia
Civil de Fabriciano. “Aí os delegados falaram para mim: tem que fazer
isso mesmo, porque inclusive o doutor Xingó recebe parte do dinheiro que
a gente está capitalizando aqui. Falei isso com o Xingó, ele disse que
está aposentando e que tem que fazer um caixa e não vai acontecer nada
comigo porque eu divido com meus chefes. Na minha casa, ele confessou
que autoriza os policiais dele pegar o dinheiro para dividir com ele”,
denuncia o vereador.
BANDIDO
Por diversas ocasiões, o vereador Lemos chamou o delegado regional de
Ipatinga João Xingó de “bandido”. O clima ainda ficou mais tenso quando
policiais civis de Coronel Fabriciano apareceram no plenário da Câmara.
O parlamentar afirmou por diversas vezes – apontando em direção aos
civis - que teria como provar todas as denúncias que estava fazendo
diante da imprensa e repetia insistentemente que a atual PC é conivente
com a criminalidade no Vale do Aço. “A pior praga que existe em qualquer
setor público é a corrupção. Quando se tem um policial conivente com a
criminalidade, ele só pode ser bandido. Então pode colocar em letras
garrafais “Doutor Lemos chama Doutor Xingó de bandido”, porque eu falo e
assino embaixo.
DINHEIRO
As acusações feitas por Lemos foram motivadas por uma denúncia de
tortura atribuída a policiais militares. O fato foi publicado na edição
de ontem do DIÁRIO POPULAR.
A Polícia Civil indiciou oito militares acusados de torturar o soldador
Natanael Alves de Abreu, 25 anos. O rapaz concedeu entrevista (que está
gravada) ao jornal e relatou detalhes de como foi torturado.
No entanto, na manhã de ontem, o rapaz mudou a história e disse que não
havia sofrido nenhum tipo de violência por parte dos militares (leia
matéria abaixo).
Quando o parlamentar foi questionado se teria oferecido dinheiro para
que Natanael mudasse a versão, como ele próprio chegou a afirmar, o
vereador afirma que não tem nenhuma ligação com as pessoas envolvidas no
caso, inclusive a possível vítima da tortura. “Se eu fizesse isso,
estaria praticando uma fraude processual. Eu nunca tive uma punição na
Polícia Civil, ao contrário desse Xingó, que chegou aqui com 90 dias de
suspensão. Aliás, ele chegou aqui com um processo para ir para rua. Eu
tenho certeza que meu nome apareceu nisso aí para a minha morte moral.
Eu só tenho medo disso daí, porque da morte física eu troco tiro com
qualquer um”, diz. Ao final da entrevista, Lemos expulsou os policiais
civis da Câmara de Coronel Fabriciano.
Vítima muda versão e nega que foi torturada
Fabriciano – Na manhã desta quarta-feira (7), a suposta vítima
de tortura mudou completamente a versão da história contada aos
policiais civis e à reportagem do DIÁRIO POPULAR nesta terça-feira (6).
Anteriormente, ele contou com detalhes que foi torturado por policiais
militares durante toda a madrugada do dia 5 de fevereiro, quando os
mesmos queriam que ele “desse conta de um revólver”. Na primeira versão
apresentada, Natanael afirmou que os PMs teriam introduzido um cassetete
em seu ânus e depois jogado spray de pimenta em suas partes íntimas e
em seus olhos.
Já nesta quarta-feira, ele negou tudo e disse que foi abordado pelos
militares porque estava portando drogas. E que foi obrigado por
policiais civis a contar que foi vítima de tortura, tendo se negado a
pagar o valor pedido. “Nada disso aconteceu. A verdade é que eu fui
preso em Timóteo, fui levado à delegacia de Ipatinga e lá eu fui detido.
Me pediram R$ 5 mil para me liberarem e eu negociei em R$ 3 mil. Aí me
liberaram para buscar esse dinheiro para eles e eu não tenho esse
dinheiro. Quando a Polícia Civil me localizou e me pediu a grana, como
eu não tinha, pediram para falar tudo isso contra a PM e em troca eu não
daria o dinheiro para eles”, contou.
Um laudo do Instituto Médico Legal contesta a nova versão apresentada
por Natanael. No exame, consta que a vítima sofreu ferimentos na região
perianal, além de escoriações no quadril esquerdo, joelho e antebraço.
Questionado, Natanael confirmou que foi submetido ao exame no IML, mas
até hoje não teve acesso ao laudo.
A todas as perguntas feitas pelos repórteres, Natanael sempre respondia
“que nada disso (tortura), aconteceu”. “Não estou ganhando nada, mas
também não estou perdendo”, conclui.
Depois de ser entrevistado pela imprensa, um parente da esposa de
Natanael, Núbio Antônio, apareceu no plenário da Câmara, e disse que ele
resolveu mudar a história, porque “alguém” prometeu para ele R$ 9 mil,
em dinheiro. Segundo o familiar, no dia do crime, Natanael teria chegado
em sua casa todo sujo de sangue, tendo sido orientado a procurar a
Polícia Civil para denunciar o caso. “Ele está desmentindo porque já
ofereceram R$ 500 e agora R$ 9 mil e ele quer pegar esse dinheiro para
ir embora daqui. Porque ele sabe que se acontecer alguma coisa, eles vão
matar ele”, disse o parente.
Sobre a acusação de que a Polícia Civil teria pedido a Natanael que
acusasse a PM de tortura em troca da liberdade, o delegado de Coronel
Fabriciano, Daniel Araújo, que acompanhou o inquérito, disse que não tem
conhecimento da denúncia. “Este fato é uma novidade para mim. Posso
adiantar que vamos procurar saber”, disse.
PM
Em nota enviada pelo Comandante da 12ª Região da Polícia Militar,
Geraldo Henrique Guimarães, a polícia informou que foi determinada a
instauração de um IPM (Inquérito Policial Militar), a cargo do Major
Subcomandante do 14º BPM.
O comunicado ainda informa que foi solicitado à Procuradoria Geral da
Justiça do Estado de Minas Gerais que designasse um Promotor Público a
fim de acompanhar os trabalhos. “O inquérito está em fase de elaboração
de provas que estão sendo produzidas em estreita obediência aos prazos
previstos na lei”, diz trecho da nota. O mesmo comunicado foi enviado
pelo Comandante do 14º Batalhão de Polícia Militar Tenente Coronel
Francisco Assis. Na nota, o Tenente Coronel afirma que os trabalhos de
investigação estão em andamento e as provas juntadas aos autos ainda são
insuficientes para se fazer juízo de valor. Assim que o inquérito da PM
for encerrado, as conclusões serão divulgadas à sociedade.
Lemos esta de barabens e de politicos e pessoa como ele que precisamo em Ipatinga para acabar com esta corja de bandidos na policia e na prefeitura da Cidade,tomara que a população da cidade de Ipatinga tome vergonha e não vote em nenhum destes vereadores que estão na camara principalmente no presidente da mesma pois ele e o mais bandido.
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